Maria Montessori acreditava que a nossa sociedade enxerga a criança como um ser incapaz e incompleto. Por conta disso, o adulto aprende a não respeitar a individualidade da criança, sua voz e seu espaço. Isso gera exigências para que a criança se adapte a comportamentos que nem mesmo os adultos são obrigados a se adaptarem. E,dessa forma, as verdadeiras necessidades da criança acabam sendo negligenciadas.
Para ficar mais fácil de entender, hoje, trazemos 5 exigências que são muito normalizadas quando se trata das crianças, mas quando se tratam dos adultos, sabemos respeitar. Essa comparação facilita perceber como nem sempre o que é considerado “normal” é benéfico e que é preciso mudar a nossa visão sobre a infância.
1. Exigimos que a criança nunca fique frustrada ou tenha sentimentos negativos
É preciso naturalizar quando a criança se sente triste, frustrada ou mal de alguma forma, é importante que ela tenha a liberdade de vivenciar suas emoções. Apenas assim, ela será capaz de aprender a identificar o que sente e, aos poucos, aprenderá como trabalhar esse sentimento a seu favor para se sentir bem.
2. Exigimos que a criança socialize e converse quando não está com vontade
Claro que queremos que as crianças sejam educadas e sociáveis, porém é importante respeitar o tempo delas e entender suas necessidades. Se de vez em quando, a criança prefere ficar sozinha, isso vai ensiná-la que ela pode priorizar-se quando precisar.
3. Exigimos que a criança seja aberta a receber beijos e abraços, mesmo quando ela não quer ou não conhece a pessoa
Essa exigência é uma das mais perigosas, porque ao permitir que a criança seja sempre tocada, abraçada e beijada, também se ensina a não proteger o próprio corpo. Infelizmente, nem todas as pessoas no mundo são boas e é importante ensinar à criança desde cedo que o corpo dela é importante e que ela não é obrigada a ser abraçada por quem ela não gosta, mesmo sem for um familiar.
4. Exigimos que a criança obedeça ordens o tempo todo
Um adulto se cansaria facilmente de ouvir o que tem que fazer o tempo todo. Por que achamos que a criança deve ser privada da liberdade de escolha?
5. E, por fim, exigimos que a criança não cometa erros
Crianças estão aprendendo e é natural que, durante esse processo, elas errem muito, derrubem, quebrem coisas e tudo bem. O erro da criança deve ser acolhido para que ela saiba que pode tentar outra vez e fazer diferente.
Muitas dessas crenças estão enraizadas e podem ser difíceis de mudar. Mas, felizmente, temos a oportunidade todos os dias de transformar essa perspectiva e considerar as necessidades da criança.
Vamos ficar mais atentos às exigências que fazemos e, principalmente, se colocar no lugar da criança.
É preciso pensar: Será que eu gostaria de ser tratado assim o tempo todo?
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